Barreiro terá espetáculo da palhaça Espiga nesta sexta e sábado, ótima opção para as férias
Mesmo após o avanço de tecnologias que deveriam facilitar o entendimento entre as pessoas, alguns problemas de comunicação parecem atemporais. É baseada nessa percepção repleta de graças e desacertos sobre a humanidade que a Espiga, palhaça da artista cênica Jéssica Tamietti, encarna o espetáculo “Esse Trem de Comunicação”. A peça acontece nos dias 12 e 13 de julho, sexta-feira e sábado, às 10h30, respectivamente no Centro de Referência de Assistência Social — CRAS Vila Cemig e no Centro Cultural Urucuia, ambos na região do Barreiro. A entrada é gratuita, sem necessidade de retirada prévia de ingressos.
Voltado para todos os públicos, o espetáculo foi concebido durante a pandemia, enquanto a população mundial esteve forçada a desenvolver relações quase que estritamente virtuais. Mesmo vivendo uma era tecnológica bombardeada por novidades velozes, a exemplo das potencialidades da inteligência artificial e dos algoritmos, a Palhaça Espiga — que celebra 17 anos em 2024 — percebeu que os velhos problemas de comunicação entre as pessoas não só continuaram presentes, como se acentuaram, escondidos atrás das telas de celulares, computadores, televisores etc.
“Na pandemia, por ser o único modo de comunicação possível, fomos inundados de lives, vídeos, webinários e aulas gravadas. E, ironicamente, foi em uma oficina online de palhaçaria que surgiu a ideia e concepção da peça”, relembra Jéssica. A referida oficina é o módulo “Parto de Mim”, desenvolvido pela atriz, palhaça, diretora e dramaturga carioca Karla Concá, artista que ajudou no desenvolvimento do espetáculo e assumiu a direção da peça. Concá é referência na palhaçaria brasileira, sendo fundadora da trupe “Marias da Graça”, primeiro grupo de palhaçaria formado apenas por mulheres no Brasil, ativo desde 1991.
Durante as aulas, atrás de um computador, Jéssica observou como as dúvidas, os desentendimentos, a falta de compreensão, as gafes e tantos outros desacertos se intensificaram nas relações humanas, impulsionados pelas tecnologias. “Os desencontros continuam acontecendo. Mas, hoje, sinto que existe um imediatismo no qual as pessoas esperam respostas instantâneas. Lembro da época em que tínhamos que deixar um recado e aguardar uma resposta no tempo do outro. Isso é essencial para uma boa comunicação. Mas, hoje, muitas vezes esse tempo é negligenciado”, avalia Jéssica.
Seguindo essa perspectiva, “Esse Trem de Comunicação” recorre ao “mineirês” — que denomina tudo e qualquer coisa como “trem”, fornecendo uma ampla e didática metáfora de comunicação — para falar de situações nas quais, à primeira vista, nem a escrita, nem a fala, nem os gestos, nem a presença, nem qualquer código, legenda ou explicação pedagógica seria capaz de sanar a falta de entendimento. Contrariando essa premissa inicial, a Palhaça Espiga se mostra especialista em solucionar desentendimentos e, durante o espetáculo, ensina ao público múltiplas formas de se comunicar. Afinal, para realizar seus sonhos é preciso saber comunicá-los com o mundo.
Karla Concá acrescenta. “É um espetáculo que fala de termos sonhos e de não desistirmos deles, mesmo que venham os obstáculos. De uma maneira atrapalhada e engraçada, Espiga vai falando da paciência que vamos precisar ter conosco na vida e vai dando o seu recado sobre equilíbrio, auto estima, acolhimento a si mesma e perseverança”, afirma a diretora.
“Propomos ao público uma reflexão sobre a diversidade de formas de se comunicar. É preciso que a gente se comunique e entenda as diversidades com respeito. Afinal, o ponto de vista do outro é fundamental — e a forma como ele se expressa, também. Por isso, falamos das diferenças culturais, locais e sociais na comunicação, além de trazer questões sobre a comunicação inclusiva, ainda tão necessária nos dias de hoje”, avalia Jéssica.
Texto: Floriano Comunicação